Cohousing: a busca por um envelhecimento com qualidade de vida
11 de maio de 2021

O cohousing, uma forma de comunidade intencional, tem despertado cada vez mais interesse na população brasileira.
Com o envelhecimento da população, e a tendência dos filhos de viverem as próprias vidas, foi-se o tempo em que filhos ficavam cuidando dos pais. Nem os envelhescentes querem mais isso. A tendência são vidas autônomas para todos.
Com o fantasma da solidão, e o receio da falta de apoio mútuo para uma vida digna, o envelhecer solitário tem sido objeto da preocupação de uma grande fatia da população. Redes de relacionamento e conexões sociais de apoio mútuo estão na mira das pessoas que não querem envelhecer sozinhas.
Cohousing: uma proposta de vida que combina privacidade e comunidade

No cohousing, uma modalidade de vida que combina privacidade com comunidade, conexões sociais são a alma. O modelo nasceu na Dinamarca nos anos 60. De lá se espalhou pela Holanda, chegando aos Estados Unidos e Canadá.
Como comunidade intencional planejada, o conceito parte da intenção de um grupo inicial de planejar uma vida em conjunto. Das reuniões iniciais começa-se a formar o grupo, que vai atraindo amigos dos fundadores.
Só a partir de muitas reuniões, onde os participantes do grupo vão se conhecendo e delineando como e onde querem morar, quais espaços comuns pretendem ter, e que atividades querem ter no cohousing, é que se parte para o projeto de implantação. Que é uma consequência dos desejos dos participantes.

O tamanho de um grupo de cohousing não deve ser nem muito pequeno nem muito grande. A média internacional de número de unidades (casas ou apartamentos) de um cohousing é de vinte a trinta. Se for menor, os custos comuns podem ser elevados. Se maior, perde-se a escala humana, em que todos podem se conhecer e se relacionar.
Os cohousings podem ser intergeracionais, e um bom case é o Pioneer Valley Cohousing, de Amherst, Massachussets. Criado há 27 anos, ele é um dos mais visitados, como modelo, nos EUA. Seu ponto forte é a governança e seu sistema muito organizado e dinâmico de grupos de atividades, tornando-o muito vivo e vibrante.
Seu sucesso é confirmado pelo baixíssimo índice de rotatividade dos membros. Mais de 90% dos membros residentes atuais ainda são da geração de fundadores. O caráter vibrante dele faz com que a fila de espera para adquirir uma casa lá seja grande. O que valorizou muito a propriedade. Só há uma maneira, prevista nos estatutos, de furar a fila: ter crianças pequenas.

O Pioneer Valley quer se rejuvenescer. A convivência entre mais velhos e crianças é para eles prioridade. Do outro lado da moeda e do hemisfério está o Vila Conviver, o cohousing em formação da AD Unicamp, a associação dos docentes da Unicamp. Aqui a regra é cinquenta anos para cima. Ou seja, um cohousing sênior.
Se o cohousing vai ser rural, suburbano ou urbano, é o grupo quem vai decidir. Os formatos são os mais variados, e os modelos também. Um cohousing pode até se instalar num edifício cujo uso será reciclado para se tornar um residencial neste formato.

O Brasil está buscando novos formatos para se viver com dignidade e qualidade de vida o envelhecimento. As conexões sociais são, segundo pesquisa da psicóloga Ellen Langer, de Harvard, que esteve recentemente no Brasil em evento organizado por Abílio Diniz e sua plataforma Plenae, o mais importante fator para uma vida longeva. Sua pesquisa foi realizada nas Blue Zones, os paraísos da longevidade no planeta, como as ilhas da Sardenha, Okinawa, e Ikaria, a península de Nicoya, na Costa Rica e a comunidade de Loma Linda, na Califórnia. O conceito das Blue Zones foi criado por Dan Buettner, da National Geographic.
O isolamento e a solidão serão os problemas mais sérios enfrentados pela população que envelhece. Maneiras de lidar com este desafio estão na pauta das organizações que se propõem a vislumbrar um futuro melhor em moradia e conexões humanas para a longevidade. A pesquisa de Ellen Langer comprova. Os impactos da qualidade das conexões humanas para a saúde e o bem estar são comprovados. Pesquisa da Cohousing US, a associação de cohousings dos EUA, mostra que as pessoas que moram em cohousings vivem em média sete anos a mais.
A Free Aging está organizando o Curso Internacional de Cohousing, de 5/7/21 a 13/9/21. O curso contará com os especialistas em cohousing Laura Fitch, Kathryn Mccamant, Jerry Koch-Gonzalez e Ted. J. Rau.
Maiores informações: www.cursocohousing.com.br
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Edgar Werblowsky é criador da Free Aging, fundador da Freeway Viagens e organizador do Curso Internacional de Cohousing







